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Dia do Geólogo – Pablo Souto Palma, diretor da Mútua-RS

Mútua – Como foi sua escolha pela Geologia? O que te motivou a seguir a profissão?
Pablo – Minha mãe é geógrafa, então, desde cedo tive um pouco de familiaridade com o assunto. Sempre tive um certo apoio em casa, uma história familiar que naturalmente me levou para este lado. Também sempre tive interesse por essa questão especificamente das rochas que é relacionada à Geologia. Depois que entrei na faculdade e segui a profissão, vi que realmente era aquilo eu queria, que iria levar a diante o projeto de ser geólogo.

Mútua – Qual o balanço de sua trajetória como geólogo? Algum fato mais marcante?
Pablo – A Geologia acaba te levando por conhecer diversos lugares e culturas. Na maioria dos casos, os geólogos são pouco fixados em um único local e a gente acaba tendo uma mobilidade natural muito grande. Então, os fatos marcantes são relacionados a experiências de viagens e trabalhos em locais distantes, próximos a cidades do interior, no mato, na selva, no exterior, em áreas de mineração de ouro, mineração de argila, desastres naturais, enfim, uma variedade muito grande de contextos. É muito marcante o quanto a gente consegue estabelecer e vivenciar um mundo tão diferente do mundo em que fomos criados. Eu, por exemplo, fui criado em cidade grande e depois da minha formação acabei vivendo com realidades de comunidades pequenas de interior, o que acaba te trazendo uma marca muito grande de como existe uma diversidade de realidades muito diferentes no Brasil e até mesmo dentro do meu estado, que é o RS onde eu acabei atuando mais profissionalmente.

Mútua – O Brasil é muito grande, com características regionais muito específicas e, somado a isso, o geólogo têm em seu campo de atuação uma gama muito ampla de vertentes para desenvolver suas atividades. Contudo, devem existir pontos de convergência, aspectos homogêneos que todos os profissionais da categoria devem possuir. Quais seriam esses pontos ou minúcias que todo geólogo tem em comum?
Pablo – Os geólogos têm uma grande gama de serviços que podem fazer, assim como o engenheiro civil, o engenheiro agrônomo e as Engenharias mais clássicas. A geologia tem uma possibilidade muito grande de trabalho, e com o tempo vamos apurando e direcionando para um lado ou para outro. Os geólogos, de maneira geral têm, além das lutas pela valorização não só da profissão, mas do entendimento da Geologia como ciência, a grande bandeira de mostrar quão é importante a Geologia para o desenvolvimento sustentável, para o desenvolvimento econômico e para o desenvolvimento macro. A palavra desenvolvimento entendida como o grande guarda-chuva de uma nação com uma riqueza geológica, mineral, de água e de todos os aspectos geológicos, como é o caso do Brasil. Se é possível resumir qual é abandeira que todos os geólogos podem, ou devem ou têm em comum seria essa, de mostrar que a Geologia é uma das grandes responsáveis, ou deveria ser, pelo grande desenvolvimento da nossa nação.

Mútua – Este mês você participou do Congresso Brasileiro de Profissionais das Geociências (ProGEO), em São Paulo. Temas muito importantes foram debatidos, principalmente com foco em questões que estão em destaque, como mineração, desastres naturais e setor petrolífero. Em sua avaliação, essas discussões têm conseguido sair do meio técnico e está chegando à sociedade? Porque muito tem sido divulgado e muitas vezes não são as informações corretas, de fontes seguras como os geólogos, por exemplo. Se não estão chegando, qual a saída?
Pablo – Acredito que isso não seja uma exclusividade da Geologia, todas as fontes de informação no contexto atual têm dificuldades frente às chamadas fake news. O ProGeo é uma tentativa de mostrar para a sociedade e para a comunidade em geral o quanto é importante a Geologia e desmistificar alguns assuntos. Infelizmente quem participa desses eventos, que deveriam ser eventos elucidativos, são pessoas que já estão associadas aos temas e dificilmente você consegue propagar essas informações corretas para a sociedade. Essa ação de dar voz aos profissionais, como esta da Mútua de entrevistar os três diretores geólogos da Instituição e o trabalho que os Creas e o Confea nos últimos anos, têm, de certa forma, desmistificado e vem trazendo as informações verdadeiras para repasse à comunidade. Um dos grandes empecilhos é que existem correntes de interesses diversos trabalhando contra a correta informação, então é uma briga que eu não tenho a saída, se tivesse já teria resolvido. Como mostrar a informação correta? Não sei, mas continuamos trabalhando com que temos: os canais do Sistema Confea/Crea e Mútua.

Um caminho para fortalecer a categoria é participar ativamente do Sistema Cnfea/Crea e Mútua, como você tem feito, já tendo sido coordenador das Inspetorias do Crea-RS, conselheiro federal e, agora, diretor geral da Mútua-RS?
É uma delas. Fui coordenador de Inspetorias, um cargo que um geólogo nunca tinha ocupado antes, e conselheiro federal, que é o cargo que dá mais destaque e maior visibilidade para a Geologia dentro do Sistema. Quando fui eleito, se eu não me engano, faziam 20 anos que não tínhamos uma representação da Geologia no Plenário do Confea. Essa volta da Geologia foi uma retomada importante da Geologia dentro do cenário do Sistema Confea/Crea e Mútua e ali sim, a entrada como conselheiro federal, deu um novo fôlego para a Geologia dentro do Sistema e conseguimos emplacar algumas discussões e engajar algumas pessoas que não estavam engajadas no processo. Com isso, depois tivemos mais três geólogos conselheiros federais. Essa foi a forma de amadurecer o processo evolutivo da Geologia como participante ativa do Sistema e de nos entendermos também como parte, o que até então não vinha acontecendo. Mas o mundo real não se resume apenas ao nosso Sistema, muito pelo contrário. Nosso Sistema tem se mostrado muito distante e o mundo real precisa de intervenções de formas diversas, para que a sociedade entenda a participação do geólogo. Passa também por cada um dos geólogos, cada um dos profissionais, participando de todas as ações possíveis dentro do seu contexto, amplificação sua participação na comunidade. Eu, por exemplo, sou presidente da Associação Comercial da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços da minha cidade, e acho que isso é um exemplo de engajamento. Também acho que deveríamos ter mais profissionais participando da política partidária e se elegendo deputado, vereador, prefeito, governador e demais cargos políticos, para assim conseguir dentro do sistema legislativo propor melhorias para os temas que são afins à Geologia. Só vamos conseguir dar um passo maior em temas como mineração, meio ambiente, recursos naturais, águas subterrâneas, e toda a ampla gama de serviços que tem relação com o geólogo quando conseguirmos emplacar profissionais como nossos representante legislativos nas mais diversas casas. Mas isso é um processo de amadurecimento, que talvez no futuro consigamos alcançar.

 
Fonte e foto: Gecom/Mútua