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Situação das pontes de Santa Catarina é abordada em Seminário sobre Engenharia de Manutenção

Paulo Guimarães, por ocasião do evento, foi entrevistado pela TV Senge-SC

Santa Catarina, que tem grandes exemplos do como a falta de manutenção nas chamadas obras de arte da Engenharia podem deteriorar essas estruturas, reuniu profissionais, especialistas, autoridades locais e lideranças da Engenharia nacional para discutir a Engenharia de Manutenção na última sexta-feira (29). A situação das pontes Colombo Salles, Pedro Ivo Campos e Hercílio Luz foi um dos pontos discutidos no Seminário Cresce Brasil, organizado pelo Sindicato dos Engenheiros de Santa Catarina (Senge-SC), na Sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC).

O objetivo foi levantar o debate e alertar para a importância de abandonar a precariedade e o improviso e implantar política de inspeção, conservação e manutenção permanentes, além de buscar consenso e soluções para enfrentar o descaso com a inspeção e conservação das estruturas existentes no país. “O aumento da vida útil das obras de arte de Engenharia, como pontes, viadutos e estradas, é um assunto recorrente, principalmente em Santa Catarina, cujo cartão postal da capital e do estado é o exemplo mais claro dessa realidade”, disse Ari Neumman, presidente do Crea-SC, referindo-se à Ponte Hercílio Luz.

Uma das brechas para que não sejam feitas as manutenções periódicas nas obras, consiste na falta de legislação, conforme ponderou o presidente do Senge, José Carlos Rauen. “Fizemos um estudo neste mês em que estivemos envolvidos nesse evento e descobrimos que, tanto nos anais das regulamentações do Tribunal de Contas União, quanto do Tribunal de Contas do Estado, constam as exigências para execução de uma obra até sua entrega, mas, infelizmente, não existem comentários ou exigências para o pós-obra. E necessitamos de regras bem claras para isso não recaia em demandas judiciais que obriguem os agentes públicos a fazerem seu serviço natural”, avaliou.

O presidente da Mútua sublinhou a importância das discussões oportunizadas pelo projeto Cresce Brasil

Além do regramento, ter profissionais valorizados e qualificados também garante ao país um serviço de Engenharia de qualidade. E a Mútua, como agente social e assistencial que trabalha pela qualidade de vida e o desenvolvimento dos profissionais do Crea, faz esse importante papel que reflete, na ponta, em benefícios para a sociedade. O presidente da Instituição, Paulo Guimarães, citou o apoio da Caixa de Assistência aos Seminários do projeto Cresce Brasil e salientou que os eventos têm oportunizado debates riquíssimos e que, cada vez mais, a Engenharia precisa estar unida em prol do bem comum.

Também presente no evento, o diretor geral da Mútua-SC, Abelardo Filho, teve seu nome lembrado por Paulo Guimarães, ao referendar o trabalho da Regional da Mútua no estado. “Santa Catarina nos dá exemplo valorizando nossas ações de mutualismo e tem feito um trabalho intenso no tocante ao nosso plano de previdência complementar, o TecnoPrev, que é um grande benefício para os profissionais associados”, afirmou o presidente da Mútua.

Engenharia de Manutenção: proposta do projeto Cresce Brasil

As discussões são importantíssimas para a construção de saídas referentes às problemáticas enfrentadas, mas, uma proposta viável que, de fato, possa ser implantada e resolva as demandas é o que prega o projeto Cresce Brasil. Depois de muitas discussões, explicou o presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Murilo Pinheiro, os especialistas envolvidos no programa defendem a criação de uma Secretaria de Engenharia de Manutenção. “Assim teríamos um responsável pelas obras públicas e pelas obras de arte de Engenharia e, com isso, teríamos condições permanentes de ter manutenção”, defendeu.

Marcellie Dessimoni, coordenadora do Núcleo Jovem da FNE, ainda destacou que a falta de planejamento em manutenção custa caro aos cofres públicos e aos cidadãos. “Ações corretivas emergenciais tiram dinheiro do nosso bolso, do bolso do cidadão e dos profissionais que aqui estão. É importante investir na Engenharia de Manutenção porque ela é prevenção, mas precisa de planejamento, programação e, principalmente, responsabilidade”, enfatizou.

Pontes Colombo Salles e Pedro Ivo
Dois representantes de órgãos públicos prestigiaram o Seminário promovido pelo Senge-SC. Um deles foi o promotor do Ministério Público de Santa Catarina, Daniel Paladino, da 31ª Promotoria da Capital. “Desde 2013 tenho enfrentado uma luta árdua no sentido de tentar desenvolver ou fazer com que a cultura da manutenção preventiva realmente se espraie e se torne realidade. Exemplo disso é a questão das duas pontes, Colombo Salles e Pedro Ivo, que a época tivemos que ingressar com ação judicial por que estavam há mais 30 anos sem qualquer tipo de intervenção e manutenção”, lamentou.

Paladino também levantou a questão dos custos que uma estrutura sem manutenção há anos infringe à sociedade. Após a ação judicial relativas à Colombo Salles e à Pedro Ivo, indicou o promotor, o “Estado teve que gerar um contrato emergencial na ordem 26 milhões e que parece até que deverá ser aditivado ou suplementado porque os recursos não sertão suficientes para realmente resolver todos os problemas que estão sendo encontrados dia a dia”, relatou.

O secretário de Infraestrutura e Mobilidade em Santa Catarina, Carlos Hassler, falou sobre o Programa Recuperar. “O governador determinou que a Secretaria da Fazenda efetivamente fizesse os estudos e as contas necessárias para que o Estado tenha condições de injetar 10 milhões por mês só para manutenção rodoviária. E assim a Fazenda fez e, hoje, estamos com o programa em andamento, ainda não pleno porque nem todas as associações de municípios aderiram”, indicou.

Debates
A situação das pontes do estado e a manutenção dessas estruturas foram mais detalhadas em painel específico sobre o tema, com a participação de especialistas. Outros assuntos ainda foram debatidos, como “Manutenção da malha rodoviária estadual – rodovias e obras de arte especiais”, “Ciclo do BIM: do projeto à operação e manutenção”, “Inspeções de pontes e viadutos – principais anomalias e a importância da manutenção” e “Segurança nas atividades de elevação de carga”. Fechando a programação do Seminário, foi realizada visita técnica à obra da Ponte Hercílio Luz, com a participação do engenheiro civil José Abel Silva, fiscal da obra.

TV Senge: matéria especial sobre o evento

TV Senge-SC
O presidente da Mútua, Paulo Guimarães, durante o evento concedeu entrevista à TV Senge-SC, quando reforçou sua fala da abertura do evento. Ele pediu a união da Engenharia brasileira na luta pela valorização dos profissionais e pela defesa da sociedade. Sobre a Mútua, Guimarães explicou que a Instituição é parceira das entidades em ações que fomentam a qualificação e o desenvolvimento dos profissionais da área tecnológica.

 
Fonte e Fotos: Gecom/Mútua